
Em razão de sua localização geográfica e imensa capacidade de geração de energia eólica, o Rio Grande do Norte se destaca como um dos que possui maior potencial para produção de Hidrogênio Verde no país. A avalição é de Fernanda Delgado, diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV).
Atualmente, o estado possui 295 parques eólicos em operação, respondendo por 32% da energia eólica gerada no país. “O Brasil está em posição de vantagem para liderar o setor de maneira global, com mais de 90% de sua matriz elétrica limpa”, disse.
“Considerando que a energia gerada pelos ventos é fundamental para a indústria do Hidrogênio Verde, esse aspecto credencia o Rio Grande do Norte como um dos principais centros de fornecimento de energia renovável”, afirma Fernanda Delgado.
Atualmente, o Rio Grande do Norte possui 9,59 GW de potência instalada em energia eólica, colocando-o como um dos líderes nacionais nesse setor.
De acordo com projeções feitas com base nos projetos já idealizados, “até o próximo ano estão previstas a construção e o início da operação de plantas-piloto de H2V em pequena escala.” Entre 2027 e 2028, existe uma previsão para produção em larga escala, incluindo exportação e fabricação de outros produtos como aço verde, fertilizante verde e metanol.
No Rio Grande do Norte, destacam-se projetos como o da Petrobras, que prevê investimentos da ordem de R$ 90 milhões na ampliação da planta piloto de H2V no RN, utilizando energia eólica da Usina Alto Rodrigues.
Além disso, a Auren (ex-Cesp), agora controladora da AES Brasil, está em fase de estudos e captação de recursos para a construção de um porto e um complexo industrial para produção, armazenamento e exportação de H2V, amônia verde e metanol verde, com um investimento projetado de R$ 5,6 bilhões.
Estima-se que a indústria de Hidrogênio Verde possa gerar milhares de empregos no Rio Grande do Norte, impulsionando a economia local e atraindo investimentos nacionais e internacionais, além de impulsionar o desenvolvimento tecnológico e industrial do estado.
De acordo com um estudo realizado pela LCA em dezembro de 2023, “em um cenário de participação brasileira equivalente a 4% da produção global estimada de H2V, o impacto no PIB até 2050 pode ser de R$ 7 trilhões.”
Esses resultados representam uma arrecadação de R$ 866 bilhões em todos os níveis do governo, um fomento de R$ 82 bilhões para a economia nacional, com um superávit de R$ 783 bilhões. No curto prazo (entre 2024-2030), projeta-se um superávit de R$ 75 bilhões, com um impacto de R$ 550 bilhões no PIB nacional.
O que é o hidrogênio verde?
Conforme o professor Mário González, do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, “o hidrogênio é um elemento químico bastante conhecido e tem sido cotado várias vezes para ter uma participação importante na economia mundial, assim como o petróleo, gás e carvão mineral como fontes energéticas”.
Com o aumento da instalação de parques eólicos e usinas solares, que geram energia elétrica a partir de fontes renováveis, surge a necessidade de armazenar o excedente de geração de eletricidade para momentos em que não há geração suficiente.
O processo de produção do hidrogênio verde, conhecido como eletrólise da água, utiliza a água como principal insumo e a eletricidade proveniente de fontes renováveis. O hidrogênio produzido é então armazenado, possibilitando diferentes usos.