Deputados do RN fazem “protesto do esparadrapo” contra prisão de Bolsonaro
- Bolin Divulgações

- 6 de ago
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De esparadrapo na boca para se dizer “censurada”, a deputada federal Carla Dickson (União Brasil) aderiu ao protesto de parlamentares da extrema-direita, na última terça-feira (5), dia da retomada dos trabalhos no Congresso Nacional, contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Obstrução total no Congresso Nacional”, escreveu a deputada na legenda da publicação em suas redes sociais. Ela disse ainda que o parlamento precisava “dar uma resposta à altura” para o que chamou de “absurdos que estamos presenciando no nosso país”.
“Não podemos aceitar calados o avanço autoritário, a perseguição política e a tentativa de calar a voz de milhões de brasileiros. Estamos em obstrução e seguiremos firmes. Pelo respeito à democracia, pela liberdade e pela justiça”, anunciou a parlamentar.
Girão e Gonçalves também aderem a “protesto do esparadrapo”
Os deputados federais General Girão e Sargento Gonçalves, ambos do PL, também aderiram ao protesto do esparadrapo.
Gonçalves prometeu que eles só sairão da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados “quando a anistia e o fim do foro [privilegiado] forem votados no plenário”.
“Nuvens negras pairam sobre o nosso país”, disse, em tom soturno, General Girão ao remover o esparadrapo da boca.
O deputado acusou o presidente Lula (PT) de associar o Brasil ao “eixo do mal” e se aliar a “governos que apoiam terroristas”, além de invocar o velho espantalho da “ameaça comunista” usada há tempos pela extrema-direita.
Defensor da ditadura, Girão diz que “não vivemos uma democracia” no Brasil
Girão disse que o Brasil “já virou essa página entre 1964 e 1985”, numa referência ao período da ditadura militar brasileira, que ele justifica argumentando que “lutamos contra os terroristas, contra os comunistas e tiramos eles do poder”.
Apesar de defensor da ditadura militar iniciada após o golpe de 1964, tendo inclusive homenageado o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, Girão afirma que a decretação da prisão domiciliar de Jair Bolsonaro significa que “não estamos vivendo uma democracia” no Brasil.
“Quando um país começa a prender os seus líderes por disputas ideológicas, tentando calar a oposição, é algo fora do regime democrático de direito”, disse, ignorando que o ex-presidente Jair Bolsonaro, entre outros crimes, é réu por tentativa de golpe de Estado.
O deputado disse, ainda, que “foi preciso que os Estados Unidos, através do presidente Donald Trump, vir dizer que está acontecendo alguma coisa errada no Brasil”, justificando a interferência do republicano na soberania nacional.
“Não haverá paz no Brasil”, ameaça líder do PL

O gesto do esparadrapo na boca foi repetido pelos demais parlamentares bolsonaristas, que ocuparam as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado com o objetivo de impedir a abertura de sessões, em retaliação à determinação do ministro Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL), afirmou que os bolsonaristas se revezarão para continuar obstruindo os trabalhos legislativos pelos próximos dias, até que os projetos de interesse da extrema-direita sejam pautados.
A manifestação tem como objetivo maior a aprovação do impeachment do ministro Alexandre de Moraes e do projeto da anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, que também beneficiaria Jair Bolsonaro.
Em tom beligerante, discursando no plenário da Câmara dos Deputados, Sóstenes anunciou que “não haverá paz no Brasil”.
Ele ainda chamou Alexandre de Moraes de “violador de direitos humanos” ao anunciar que os bolsonaristas não desocuparão as mesas do Congresso Nacional “até que os presidentes de ambas as Casas busquem uma solução para pacificar o Brasil”.




